14/02/12

COMUNISMO DO INFERNO II

(continuação da I parte)

TERROR VERMELHO
"As atrocidades que foram praticadas, em seu nome, durante este período, não constituíram abusos ocasionais de autoridade. O "terror vermelho" integrou um elemento reconhecido e absoluto no processo destinado a subjugar a nação, curvando-a à vontade dos bolchevistas. O próprio Lenine declarou: - "nenhuma ditadura do proletariado pode ser imaginada sem o terror e a violência". Oficialmente, as actividades da Tcheca orientaram-se contra os burgueses, apenas. "Nós não estamos movendo guerra a indivíduos em separado; estamos exterminando os burgueses, como classe" - disse Latsis, um dos chefes. Muito naturalmente, entretanto, a Tcheca exterminou, sem discriminação alguma, todos os que ela suspeitava de oposição ao governo soviético. As vítimas não se limitavam às classes superiores ou médias; incluíam, pelo contrário, também camponeses, e, ocasionalmente, até operários. A Tcheca agiu sem freio algum - e agiu impiedosamente. A tomada de reféns, de grupos não comunistas de qualquer comunidade, constituía o método preferido. Na hipótese de uma rebelião contra o governo - e, particularmente, de uma tentativa de assassínio de chefes comunistas - os reféns, que eram, em geral, gente fora da política sem nada haver praticado em oposição à autoridade do Estado, eram encaminhados, sem hesitação, para o pelotão de fuzilamento. Não se diga que a Tcheca demonstrasse pouco desejo de recorrer à tortura, a fim de obter confissões, ou qualquer informação que considerasse necessária. Além das execuções ordenadas pela Tcheca, os grupos bolchevistas isolados, nas províncias, não raro tomavam a lei nas suas mãos e distribuíam a morte por onde achavam que isso deveria ser feito - como ocorreu no caso da execução colectiva de oficiais de Sebastopol, na primavera de 1918.  O período activo, do "terror vermelho" foi sangrento. Nesse período, os processos normais da justiça foram suplantados pela organização todo-poderosa que agia de acordo com um determinado sistema de suspeitas e de julgamentos sumários. Milhares de pessoas foram punidas, pelo crime de oposição à ditadura, e muitos milhares mais, absolutamente inocentes quanto a quaisquer actividades políticas, foram punidos com elas...

... Utilizando-se ao extremo da Tcheca, do exército vermelho, e de todos os instrumentos que eles pudessem curvar à sua vontade, os bolchevistas conseguiram, durante o inverno de 1917/1918, subjugar completamente o mecanismo governamental, que passou para a sua fiscalização." (G. VERNADSKI, Uma História da Rússia.)

AS EPIDEMIAS E A MISÉRIA
"Começa porque em Petrogrado não se anda, vagueia-se. Trezentas mil pessoas morrem lá neste Inverno, mas não foram os carros que os esmagaram: não os há. Há talvez quatro, sim, quatro carros para a capital da Rússia, para Petrogrado (dois milhões de habitantes em 1914). Foi o tifo que, passando ali e descobrindo essas trezentas mil pessoas encolhidas sob a fome e sob o frio, começou sinistramente o seu jogo. Abateu sem fadiga mil por mês." (ALBERT LONDRES, História dos Grandes Caminhos)

(continuação, III parte)

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