28/04/12

OS ERROS DE LUTÉRO E O ESPÍRITO DO MUNDO ACTUAL (III)

(Publicação anterior, aqui)

OS ERROS DE LUTERO E O ESPÍRITO DO MUNDO ACTUAL
Pe. Franz Schmidberger


A Igreja não tem uma tradição, mais sim ela mesma é essencialmente Tradição, ou seja, prolongamento do Verbo feito carne.

De tal forma que a Igreja não é quem baptiza e quem ensina, mas sim propriamente e em definitivo é Cristo quem sacrifica, baptiza e ensina como "Pontífice Máximo", servindo-se do sacerdote humano, e do papa como instrumentos para outorgar a salvação.

Portanto, a Igreja é Cristo vivente, provida de magistério vivo, que possuiu sempre a capacidade de definir verdades (não de inventá-las), de tomar posição relativamente aos problemas da actualidade; de distinguir e refutar, de argumentar e condenar. "Quem a vós escuta, a mim escuta, quem vos despreza a mim despreza, mas quem me despreza, despreza Aqueles que me enviou" disse o Senhor aos seus apóstolos". (Luc. 10:16)

A posição protestante, equivocada, tenta valorar a "palavra", mas não é mais que frio racionalismo. Não quer reconhecer o Verbo feito carne, e que Nosso Senhor se tenha feito um Sacrifício e continua-o no tempo e no espaço para a nossa salvação. Recusa o altar e coloca em seu lugar uma cátedra; o sermão, o canto, constituem o centro em vez do Cordeiro imolado e o Tabernáculo de Deus vivo.

O católico nos nossos dias não pode senão sentir-se afectado dolorosamente por isso que é essencialmente a repetição, no interior da Igreja, da "reforma" protestante, sob as influências denunciadas: negação do magistério da Igreja, negação da continuação e comunicação de Cristo, negação do mistério e a passagem a um frio racionalismo, ou seja, o naturalismo.

Quando no séc. XVI a cidade de Stuttgart passou-se para o protestantismo, no dia fixado para a adopção da nova "religião", os clérigos celebraram pela última vez o Santo Sacrifício de honra de "Hofkirch". Logo o celebrante retirou o Santíssimo Sacramento do tabernáculo, e a luz do santuário, que indica a presença real, foi apagada. O edifício continua ali, mas Ele, o Emanuel, foi embora.

II - "SOLA FIDES"

Lutero pretende que a Fé por si seria suficiente para a Salvação e que as boas obras como a esmola, e o jejum, as obras de mortificação e o caminho da perfeição na vida monástica, não são meritórios; chega a dizer que o homem peca em toda a boa obra.

A - Podemos tomar da própria Sagrada Escritura de forma clara afirmações que refutam tal erro protestante.

Na carta de S. Tiago (2:26) lemos que "a Fé sem obras está morta"; no Apocalipse, são chamados bem-aventurados os mortos "porque as suas obras os seguem" (Ap. 14:3) e no Segundo livro dos Macabeus, o valente guerreiro Judas faz uma colecta para os defuntos a fim de que se ofereça um sacrifício expiatório, "pois pensava correcta e piedosamente a respeito dos mortos" 8II Macc. 12:45).

Lutero estava consciente da dificuldade que encontrava apra defender a sua tese da "sola fides" (só a Fé). Por isso foi drástico e directamente negou a epístola de S. Tiago como uma "epístola de palha", o Apocalipse como duvidoso e ao livro dos Macabeus como apócrifo.

(Continuação, aqui)

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