08/01/13

CATÓLICOS E EVENTOS FESTIVOS - GRATULAÇÃO PELOS DESPOZÓRIOS DE D. JOSÉ (I)

RELAÇÃO
DOS
FESTIVOS APLAUSOS,
COM QUE NA CIDADE DO PORTO SE CONGRATULARAM
os felizes despozorios dos Sereníssimos Senhor

DOM JOSÉ
PRÍNCIPE DO BRASIL, E SENHORA
D. MARIA ANA VICTORIA
INFANTA DE CASTELA, e DOS

Sereníssimos Senhores
D. FERNANDO
PRÍNCIPE DAS ASTÚRIAS, E SENHORA
D. MARIA BARBARA
INFANTA DE PORTUGAL


LISBOA OCIDENTAL
1728

D. José

RELAÇÃO

Participando S. Majestade, que Deus guarde, por cartas assinadas da sua Real mão aos magistrados desta Cidade do Porto, e ao Reverendo Cabido como era servido, que nela, e em todos o Reino se fizessem as maiores demonstrações de alegria pelos felizes despozorios do Sereníssimo Senhor D. José Príncipe do Brasil com a Sereníssima Senhora D. Maria Ana Victoria Infanta de Castela, e do Sereníssimo Senhor D. Fernando Príncipe das Astúrias com a Sereníssima Senhora D. Maria Barbara Infanta de Portugal: logo na manhã de 19 de Maneiro de 1728 comunicou em Relação esta alegre notícia a todos os Ministros dela o Doutor Francisco Luís da Cunha de Ataíde  seu Desembargador do Paço, Chanceler, e Governador das Justiças na mesma Relação, dando feriados os seis dias desta semana dedicados todos a plausíveis luminárias, e dispondo que no Sábado 24 dia último delas se cantasse solenemente na Igreja dos Religiosos de S. Domingos o Te Deum em acção de graças com assistência de toda a Relação em público dela.

Na mesma manhã de 19 mandou o Senado da Camera publicar a som de clarins com assistência do Alcaide, e Meirinho da Cidade montados a cavalo, e vestidos de gala, a mesma notícia, e disposição de luminárias por toda ela, o que também anunciaram alegres os festivos repiques dos sinos.

A todo o Clero ordenou também plausíveis iluminações o Reverendo Doutor João Guedes Coutinho Governador deste Bispado, e aos Militares o Coronel do Regimento pago da Guarnição desta Cidade, e Governador das Armas António Monteiro de Almeida, que alem de dispor que em todas as seis noites o Regimento formado nas praças dela desse repetidas salvas de mosquetaria, mandou ordem aos três Castelos de S. João da Foz, S. Francisco Xavier do Quejo, e Matosinhos, para que nas mesmas noites se dessem alternadas salvas de artilharia; e assim o fizeram executar os Tenentes Governadores deles António de Almeida Carvalhais, Martim Afonso Barreto, e Francisco da Silva Malafaia; sendo ao mesmo tempo em toda a Cidade, e Castelos tudo iluminação, e salvas tudo, a que correspondia sonoro o geral harmónico aplauso dos repiques.

No Sábado 24 estava a Igreja de S- Domingos toda adornada de damascos, e a Capela mor de vistosas tapeçarias, em cujos lados se viam os retratos dos quatro Príncipes desposados debaixo de meios doceis. Junto da mesma Capela e via o retrato de S. majestade debaixo do rico docel da Relação com todos os paramentos daquele sublime lugar, a que se seguia a cadeira do Doutor Chanceler Governador das Justiças, e a ela as dos Ministros do Desembargo em vistoso circulo, que rematava o lugar dos Doutores Corregedor da Comarca, Juiz de Fora, e Juiz dos Órfãos.

No retábulo do Altar mor, que estava todo iluminado de luzes, se via um quadro com as armas Reais de Portugal, e Castela, e no mais corpo da igreja, além dos lugares destinados para os Oficiais da Relação, se achavam formados para os músicos seis coros. Neste dia saiu o Doutor Chanceler Governador vestido de gala com beca de veludo forrada de glacè de prata, e  todos os Ministros com várias e vistosas galas, chapéus adornados de broches e joias de diamantes. De gala saíram também todos os Escrivães, e Oficiais da Relação com capas forradas de seda de outro, e prata,chapéus emplumados, e de broches guarnecidos em forma, que tudo fazia o mais vistoso aparato.

(continuação, II parte)

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