20/08/13

20 de Agosto de 2013 - OPINIÕES DO BISPO CONDE DE COiMBRA (I)

D. Virgílio, Bispo Conde de Coimbra
Introdução:
Pela graça de Deus, sou católico desde que recebi o Baptismo. Como católico da única Igreja de Cristo (Igreja Católica romana), e tendo pelo menos o conhecimento catequético da nossa Doutrina, em consciência vejo-me obrigado a repetir o que é de Deus contra qualquer opinião contrária entre católicos, principalmente se ela é dada diante de terceiros ou publicamente. Eis que S. Ex.ª Rev.mª o Bispo Conde de Coimbra, D. Virgílio Antunes, proferiu opiniões que, por mais que eu lhes tente dar a volta, só podem ser interpretadas como muito erradas. Ora, errar é humano, e é humana a proveniência de tais opiniões, como creio.

Não pretendo ferir a dignidade do Bispo Conde de Coimbra, evidentemente. É tão alta esta dignidade conferida à pessoa de D. Virgílio que a pessoa humana em bom juízo não pode colocar-se sobre ela ou contra ela, e assim também foi colocada a pessoa humana deste "sacerdote pleno" sobe a dignidade que lhe foi conferida. A minha intervenção como simples católico dobra-se à Autoridade de Deus e da Igreja, origem ("o Autor") de tal dignidade conferida, e dirige-se caritativamente à pessoa humana de D. Virgílio.

Com que autoridade posso fazer esta intervenção?

A repetição do que Deus e a Igreja ensinaram e mandaram, venha por repetição da minha ou de outra boca, não retira verdade ou autoridade original, nem isso confere à minha pessoa, ou a qualquer outra, autoridade acrescida. A obrigação de amar a Deus sobre TODAS as coisas impele os católicos alertarem com caridade e justiça qualquer legítimo superior de seus próprios erros, e isto torna-se obrigação principalmente se forem erros públicos que levem ao escândalo (ou seja: ao arrastamento dos outros ao erro doutrinal, moral, de costumes, de pensamento... etc.)

Eu sei que é inegável haver um conflito quando: um ou vários (ou muitos) membros da hierarquia mandem ou ensinem algo em discordância com o que a Igreja já tinha ensinado como certo (e assim mantido e transmitido por séculos). Sei também que toda a acção humana, intencionalmente ou não, contrária ao pensamento da Igreja e à sua milenar doutrina não pode ser mais que uma acção de autoria pessoal (mesmo que multiplicada ao colectivo) e nada pode realmente na Igreja (não obriga, não vincula). No caso de estarmos perante tal conflito, e tais conflitos sempre existiram esporadicamente, para onde se hão-de voltar os católicos na alçada de tais legítimos superiores?

Segundo sei pelo que nos foi dizendo a Igreja ao longo de séculos, cabe aos católicos resistir permanecendo no pensamento e doutrina milenares, sem que isso possa ser interpretado como ofensa à dignidade do legítimo superior hierárquico, antes pelo contrário só a enobrecem, e deverá ser o faltoso a elevar-se do erro da sua opinião (ou de outros) à verdade segura que a Igreja sempre nos foi garantindo pela sua doutrina. Por outro lado, aquele não seria apenas um conflito com os precedentes hierárquicos, voz precedente, Magistério Ordinário, é mais: é a voz de Deus, é a expressão da sua vontade. Novamente, os católicos com esta consciência tem a obrigação de decidir pelo que garantidamente foi ensinado por Deus por meio da Igreja ao longo dos tempos resistindo a todo o tipo de propostas ou ameaças deslocadas mesmo que estas sejam apresentadas sobre forma de nova "interpretação" e outros relativismos do género.

O caso:
O Bispo Conde de Coimbra, S.Ex.ª Rev.mª  D. Virgílio, hoje, dia 20 de Agosto de 2013, afirmou "Portugal está cheio de preconceitos em relação à fé e sofre ainda as influências de um laicismo militante característico de uma ideologia historicamente antiquada".

Tenho-me queixado do mesmo: há muitos preconceitos em relação à Fé em todo o mundo. Tenho feito algum trabalho para que os leitores vejam que hoje nadamos numa "cultura" modernista-republicana, filha do liberalismo do séc. XIX. Sim, também vejo que essa mentalidade é antiquada, e não necessariamente antiga, porque o erro nasce com metade do corpo já na cova por mais operações plásticas de juventude que se lhe tentem aplicar. Sim, há um laicismo militante assustador que escalou desde a Revolução Francesa até às repúblicas-modernas dos nossos dias, contra a luta que a Igreja foi travando dolorosamente.

Mas empurra-nos S. Ex.ª Rev.mª para um desafio que lança: que a sociedade "se desprenda" do passado e se "torne PLURAL", "LIVRE" e "DEMOCRÁTICA"! E ajudo eu o Bispo Conde com outro desafio: por favor, queira o Ex.mº Prelado desprender-se de atalhos apelando logo ao slogan mais conhecido pelo mundo (embora antiquado): "LIBERDADE, IGUALDADE, FRATERNIDADE". Assim, de uma vez por todas, ouviremos os aplausos do mundo e o choro dos subjugados pela dor, os católicos conscientes. E não haja então angústia entre os católicos portugueses para discernir se a "liberdade" sugerida fosse o conceito católico ou o conceito liberal, porque o contexto já mostra que esse não é o conceito católico, que os Papas usaram tanto no séc. XIX e início do séc. XX. O conceito de liberdade aqui usado é o que hoje o mundo conhece (o liberal, o corrompido), não é o sentido próprio que a nossa civilização católica sempre conheceu e devidamente usou. Digo isto porque se não o disser agora temo que ninguém o diga a tempo!

Com toda a certeza, e sem qualquer má intenção, o Senhor Bispo Conde apelou à democracia! O espírito do mundo proclama a democracia-moderna (representativa), mas nunca a Santa Igreja o fez (apenas a tolerou dentro de limites que simpaticamente a impossibilitam). Estará então contente o Bispo Conde de Coimbra com os resultados do anterior referendo ao aborto!? Não tinha havido um argumento da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) que dizia que tal matéria não é referendável!? E não, não é referendável, nem boa parte das leis votadas que temos são votáveis. Mas na pluralidade é o meio termo que vale, e não a verdade: logo a maioria dita o que é votável; Logo as matérias referendáveis, segundo a base ideológica que o Sr. Bispo de Coimbra hoje apresentou, são aquelas que a maioria quiser! Por fim, D. Virgílio terá de concordar que é referendável a matéria assim julgada maioritariamente, e é bom quando estas matérias são feitas lei por via da maioria directa ou representada (democrática). Enfim... a expressão das vontades maioritárias (vizinhas da "liberdade" liberal) determinam o que é e não é, independentemente da verdade. Mas S. Paulo revela-nos o contrário: é a VERDADE que nos fará livres, ou seja, a verdade engendra a liberdade, e não a "liberdade" a engendrar a "verdade".

(continuação, II parte)

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