02/11/13

"DEFEZA DE PORTUGAL" (1831) - ORIGEM ... DO MAÇONISMO (II d)

(continuação da parte c)

Persuadidos estavam os maçons da França, porque assim lho havia embutido a desesperada cáfila dos miseráveis, e estúpidos pedreiros de Portugal, que logo que aparecessem duas velas estrangeiras à vista de Lisboa, lá iam por levar o império da realeza, e da Religião: ElRei ficava só, as tropas entregavam as armas, e o povo escondia-se nos abismos da terra. Aparece com afeito no Tejo uma esquadra do Governo francês em demanda duma satisfação; pois, como já disse, o Governo da França não quer por ora a guerra de ocupação, desprezando circunspectamente o voto do maçonismo: eis que duas embarcações de guerra velejam para aqui e para ali; outras duas navegam para cá, para acolá, mais duas se fazem à vela para o Algarve; nenhuma se apresenta em Lisboa. E para que todo este aparato hostil? Para ocupar Portugal? risum teneatis amici! Assim estava a Inglaterra mão sobre mão, como se o negócio fosse lá para o Mar Cáspio! Assim se dormira o Governo de Portugal, sem aumentar os seu exército, sem fortificar as suas praças, e mesmo sem ao menos montar a artilharia dos castelos! Pedia o Governo francês uma satisfação, e deu-lha o Governo português, depois de fazer um ligeiro ensaio do valor, e de fidelidade de uma mínima parte do seu exército. E que pediam, ou desejavam os mações da França com pretexto da satisfação exigida pelo seu Governo: Uma Revolução. Uma revolução em Portugal, vivendo o seu Rei, e Senhor D. Miguel I??? Fóra tolos, fóra pedreiros. E em que fundavam os mações da França as suas esperanças de uma Revolução em Portugal? Nos pedreiros de Portugal, coitadinhos! nem um só deu palavra! É verdade que eles queriam gritar, pois que outra coisa não sabem; conheceu-se isto; pega o povo duma destas vergastas, com que os almocreves sacodem o pó das albardas dos seus jumentos, quando descarregados os metem na cavalariça; assim o povo português tange os pedreiros, e ao grito de "arre para lá" desapareceram, fugiram, mirraram-se, e meteram a língua no ... Assim o povo português dá cabo desta raça de porcos, sem que tenha precisão das capadeiras francesas, aliás bem necessárias para extinguir o maçonismo da França, porque lá passa esse sistema de impiedade de maridos a mulheres, de pais a filhos, e de avós a netos! ora pois, senhores pedreiros da França, e de Portugal, desenganem-se as vossas tolices, que a tropa, e o povo de Portugal se não revoltam enquanto vive o Senhor Rei D. Miguel I, que há-de viver, em que vos preze, porque Deus o guarda para vossa confusão, e para salvação dos portugueses, que não são pedreiros. mas como ainda não dissesse qual era a Revolução, que os pedreiros de Portugal pretendiam em Portugal, pois que aos da França toda, e qualquer revolução lhes convinha, eu o direi no número seguinte, para aclarar mais a Defeza de Portugal.

Rbordosa 14 de Agosto de 1831

Alvito Buela Pereira de Miranda

Sem comentários:

TEXTOS ANTERIORES