24/01/14

Sto. Afonso de Ligório - SERMÃO do III DOMINGO DEPOIS DA EPIFANIA (a)

SERMÃO VIII

(III Domingo depois da Epifania)

O Remorso Dos Danados
"Enquanto os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá pranto e ranger de dentes" (Mateus 8.12)


Lemos no Evangelho de hoje que na altura de Jesus Cristo entrar em Cafarnaúm, o Centurião foi ter com Ele para lhe pedir de sarar um dos seus servidores paralítico, que tinha na sua casa. O Senhor diz-lhe: Eu vou e curo-o. Não respondeu-lhe o Centurião: não sou digno que entre na minha casa; Basta que queirais curá-lo, e será curado. O Salvador, por recompensar a sua Fé, curou o seu servidor para o aliviar; depois, dirigindo-se para os seus discípulos, disse-lhes: virão muitos do Oriente e do Ocidente, e que se sentarão com Abraão, Isaac e Jacob no reino dos Céus. Enquanto os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá pranto e ranger de dentes. Queria Ele fazer-lhes entender por aí, que um grande número de pessoas, nascidas dentre os infiéis, se salvarão com os santos, nascidos no seio da consciência os dilacerará com as suas mordidelas e lhes arrancará lágrimas amargas durante a eternidade. Consideramos o remorso, de que o cristão danado, será vítima no inferno.

I - Remorso: quão poucas coisas se há de fazer para se salvar;
II - Remorso: por quão poucas coisas se condenou;
III - Resumo: que grande bem perdeu por sua culpa.


I Resumo:
Quão Poucas Coisas Se Há-de Fazer Para Se Salvar

1. Um condenado apareceu um dia a Sto. Humberto e lhe confessou que 2 remorsos eram os seus carrascos mais cruéis no inferno: Saber que poucas coisas eram necessárias para se salvar e por tão poucas coisas ele se condenou. É isso mesmo que mais tarde escreveu S. Tomás: Principalmente eles sofrerão de que se danaram por poucas coisas e que poderiam muito facilmente alcançar a vida eterna. Ficamos a considerar o primeiro remorso; aquele que nasce da frivolidade e da pouca duração dos prazeres, com que um danado se condenou. Ai de mim, diria o desgraçado: "Se eu me abstivesse daquele prazer, se triunfasse de tal companhia perigosa, se evitasse tal ocasião e tal companhia perigosa, não me teria condenado; See admirasse a tal congregação, se me confessasse cada semana; se para repelir as tentações, me recomendasse a Deus, não teria sucumbido. Muitas vezes propus-me fazê-lo e depois não o fiz. Comecei a pôr em pratica, mas logo me cansei, e desta maneira me perdi.

2.O que aumentará o suplício deste remorso para o condenado, será a recordação dos bons exemplos que recebeu de outros jovens da sua idade, que levaram uma vida pura e piedosa no meio do mundo. Mas o que será o cúmulo do seu tormento, será o recordar os tormentos e os dons inumeráveis que o Senhor lhe deu para lhe facilitar a sua salvação eterna: Dons naturais, saúde, fortuna, nascimento e talentos; as vantagens que Deus lhe concedeu, não para que ele vivesse no meio dos prazeres da terra, ou para se distinguir dos outros com orgulho, mas sim para que servissem ao bem da sua alma; E mais tantos dons da graça, iluminações divinas, inspirações, ternas chamadas, e tantos anos de existência que lhe foi concedido para emendar-se e expiar as suas faltas. Mas ele ouvirá a voz do anjo do Senhor, que lhe notificará que já não há tempo para ele se salvar. E o Anjo, que eu vira de pé levantou a sua mão ao Céu e jurou por Aquele que vive pelos séculos dos séculos... que não haveria mais tempo para fazer penitência (Apo. 10.6)
(continuação, parte b)

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