10/05/14

CATÓLICA CIVILIZAÇÃO LUSA - OS DEGRAUS DO ALTAR



Nas Capelas-mor os degraus variam em número e distribuição. Contudo, nesta abordagem interessa-me mostrar o modo simples: um degrau para a Capela-mor, três degraus para o seu altar.

Os degraus devem ser mais longos (se possível), e por isso devem também ser mais baixos (quando são altos, mais forçada se torna a subida e descida, impedindo ao Sacerdote fazer o percurso ascendente e descendente em linha recta, mas sim em saltinhos). As medidas, entre nós portugueses, chegaram a um ponto máximo de desenvolvimento no séc.XVIII (o que afecta já a brasileiros e outros povos antigamente pertencentes ao Reino de Portugal), e desde então têm elas sido repetidas pelo menos nos altares de mais critério.

Esteve sempre em principal conta o conjunto de mesuras de S. Carlos Borromeu, mas também o exaustivo levantamento mandado fazer por D. João V, em todo o mundo, aos principais templos da Cristandade, e o estudo cuidado de todos estes elementos pela Côrte e Clero sob o patrocínio constante do mesmo Rei.

No seu conjunto, os três degraus do Altar-mor somam uma altura de 50cm, apenas. Os degraus têm 38cm de fundo, cada.

Estas medidas que acabo de indicar não são um exclusivo nosso, contudo são o nosso “padrão final”.


O primeiro degrau é reservado ao sacerdote. Os Acólitos, ao servirem lateralmente no Altar, fazem-no no segundo degrau (o intermédio). Por este motivo, o primeiro degrau, lateralmente encosta ao altar, só sobressaindo dele aquele rebordo saliente, pois o “espelho” do degrau não pode ficar mais recuado que o próprio altar. Evitamos, portanto, aquele outro modelo que usa o primeiro degrau lateralmente longo e que obriga os Acólitos a subir ao primeiro degrau, ou a esticarem-se à frente, ou obriga ao Sacerdote esticar-se em direcção aos Acólitos. O princípio é: o primeiro degrau é do Sacerdote.

Tomo o exemplo da Capela do Divino Espirito Santo e de S. João Baptista, na igreja de S. Roque (Lisboa), porque é capela (com a mesma largura que a nossa), e é a única deste tipo que sobreviveu ao famigerado terremoto. Na verdade, esta não foi preparada para celebrações episcopais mas sim para os Cónegos mitrados da Patriarcal.

Degraus do altar da Capela do Divino Espírito Santo e S. João Baptista




2 comentários:

Unknown disse...

E o que é que são os 7 degraus que costumam estar no retábulo por cima do altar? Há muitas igrejas em Portugal que têm isto, por exemplo o Carmelo de Coimbra.

anónimo disse...

Cara Eva,

obrigado por comentar.

Os degraus a que se refere formam fazem parte do TRONO do Santíssimo Sacramento (conferir este artigo http://ascendensblog.blogspot.pt/2012/10/o-que-e-um-trono.html ). No Trono do Santíssimo o número de degraus varia conforme as limitações do espaço, a dignidade do tempo; mas o número de degraus total é de 9, cada qual para seu coro de Anjos; deve não ser menos de 3-4, porque 2 a 3 são o número de degraus normais para os tronos do Rei ou Bispo dentro da capela. Quando são 7 é por não poderem ser 9, e o 7 representa a multitude.

Os templos onde podemos com segurança aprender estes modelos da doutrina e virtude aplicadas ao espaço, são em primeiro aqueles mais importantes que foram mandados edificar por D. João V (séc. XVIII), porque o Rei preocupava-se que todas estas coisas fossem exemplares e duradoras. Daqui podemos dizer que em D. João V ficou como que codificado o modelo português que, na minha opinião é o mais excelente e maduro no mundo.

Este ano, na Real Basílica de Mafra, para a vigília com a exposição do Santíssimo, foi armado o trono (ver foto: https://scontent.fopo1-1.fna.fbcdn.net/v/t31.0-8/17966474_1689504064394798_534528265535002713_o.jpg?oh=8670ceea24b8cd6a37a22c807f2d1189&oe=59D89C46 ). Repare na imagem.... o trono foi montado de forma a que o Santíssimo fique elevado sobre o altar, um pouco mais alto do mesmo sítio em que o Sacerdote eleva a Hóstia Consagrada durante a Missa. Há um mecanismo (que já não é usado) que permite que o Santíssimo esteja no ostensório sobre o altar, e seja mecanicamente elevado suavemente até aparecer sobre o mais alto dos degraus da tal escadaria do trono, ficando assim Nosso Senhor entronado e exposto à adoração dos fiéis. Para estas ocasiões deve haver no mínimo 20 lumes (velas, tochas etc.) - não conheço a razão, mas sei que é assim.

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