25/06/14

"PORTUGAL EM ROMA" - O REI NO EXÍLIO (I)

Gregório XVI
Gregório XVI, querendo recompensar os méritos insignes de Mons. Capaccini, no Consistório de 10 de Junho de 1844, criou-o Cardial, reservando-o in petto, e publicando-o no de Abril de 1845. O Papa quis dispensá-lo de vir receber o chapéu por causa da grave afeção cardíaca que o oprimia. Pouco sobreviveu à honra da púrpura, pois que a 15 de Janeiro morreu e jaz sepultado em Santa Maria in Aquiro.

O Santo Padre, de saúde resistente quando eleito para o sólio pontifício, com a fadiga e as responsabilidades foi-se adoentando. Em 1840 nem os ares magníficos de Castelgandolfo o impediam de sofrer as febres e as terçãs.

Ora bem ou menos bem, lá ia, sempre vigilante, sempre atento aos assuntos magnos da cristandade, viajando como entendia cumprir-lhe pelos Estados Pontifícios, e de um modo especial, como em 1845, pelas terras vizinhas de Roma. Queria ver tudo, saber tudo, para que tudo caminhasse com justiça e abundância para os súbditos. E as relações com Portugal foram-se compondo, suavizando, perdendo as arestas agudas e em 1842 já Gregório XVI dá ao Ministro de Portugal acreditado junto da sua Augusta Pessoa o apreciadíssimo presente das cidras, regalo exclusivamente reservado aos embaixadores.

Claro que o Comendador Miguéis de Carvalho e Brito exultou como de resto exultaria nesse mesmo ano a "rainha" D. Maria "II" [aspas minhas] com a aceitação do Papa para ser padrinho no baptismo do Infante que recebeu o nome de João Maria Fernando Gregório, pelo que enviou à Rainha o riquíssimo e expressivo presente da Rosa de Ouro por meio do ablegado Mons. Vizzardelli, e com ela o outro presente também precioso e raro das "Faixas Bentas".

A doença que a pouco e pouco ia minando o Pontífice, teve o seu desfecho final em 1846.

Já se disse que D. Miguel I embarcou em Silves no dia 1 de Junho e desembarcou em Génova no dia 21 do referido mês. E é verdade. Assim o garante uma carta do Marquês de Lavradio a Camilo de Rossi: "Génova (21 de Junho) - No meio de tantas angústias tive a grande satisfação de beijar a mão ao nosso caro Rei. Aqui chegou a bordo da fragata Stag depois das duas horas da tarde trazendo consigo António José Guião, o Conde de Soure, D. Bernardo de Almeida, João Gaudêncio Torres, o seu confessor, o seu Capelão, Cirurgião, criados, oficiais e um outro sacerdote. Na corveta que veio antes, tinham vindo os generais, etc, como lhe dizia na m.a última (a saber vinte e tantas pessoas, e entre elas, o Corregedor de Évora, um Juiz de Fora etc.) Sua Majestade desembarcará ente a noite e não vai para o Hotel de Londres, que eu inculquei. Os ingleses não qualidade de delicadeza que lhe não tenham feito. Sua Majestade dentro de poucos dias partirá para ir fazer uma visita ao papa, a Quem eu escrevo neste sentido por ordem do mesmo Augusto Senhor, que quer ser recebido no mais rigoroso incógnito, como V. Sª. dirá, usando do nome D. Miguel de Bragança".

(continuação, II parte)

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