15/02/15

CONTRA-MINA Nº 8: Os Maçons Financeiros (II)

(continuação da I parte)

Mirabeau
Necker
Qual era a Dívida Nacional da França no chamamento dos Estados Gerais? Dois mil e seiscentos milhões de Francos, o que certamente exigia um remédio pronto, a fim de se atalhar, quando fosse possível, o progresso do déficit anual de 56 milhões, (que vem a dizer, o excesso da despesa sobre a receita andava por 56 milhões anuais) .... O principal arbítrio, que se tomou para este fim, consistiu em que o Protestante, e destruidor da igreja, e da Monarquia Francesa, o apupado dos Clubs, e das Lojas Mr. Necker, propusesse a venda dos Bens do Clero, que já tinham sido proclamados Bens Nacionais .... Decretou-se pois que se procedesse à venda parcial dos tais Bens Eclesiásticos, que produzisse 400 milhões de Francos, para se extinguir por este modo uma boa parte da Dívida Nacional. Ofereceu-se o Clero a satisfazer esses 400 milhões em dinheiro de contado; porém sendo como era o principal fim dos Conspiradores, como o é de todos os Revolucionários modernos "a extinção do Catolicismo" rejeitaram a proposta do Clero, e efectuaram a seu sabor, e sem a mais leve contradição a venda projetada. E por quanto andava o dinheiro de metal, que nesse tempo girava em França? Por 3 mil milhões de Francos. Enquanto eram avaliados os Bens do Clero? Em 2 mil milhões de Francos. E chegaria todo este dinheiro para satisfazer a insaciável cobiça dos Ladrões Jacobinos, ou Pedreiros? Não, pois logo traçaram o plano de fazerem girar 2 milhões de Francos em papel moeda, a que serviriam de hipoteca os Bens do Clero .... Não faltaram no recinto da Assembleia poderosos antagonistas, de que basta nomear o então simples Clérigo, e o mais ilustra defensor da Causa do seu Rei, e do seu Deus, e que depois já feito Cardeal foi um sórdido incensador de Bonaparte, (que a tanto chega a fraqueza humana!) quero dizer o Cardeal Maury; porém o infame, o adultero, o licencioso, o Ímpio Mirabeau, zombou de tudo, e prevaleceu a tudo, não tanto por força de sua eloquência, mas aparente, que verdadeira, quanto pela mais bem sucedida eloquência dos gritos, e assuadas das Galerias, e ameaças, e gritos de morte, que são uns meios decididos para se conseguir uma votação espontânea, e como se queria, e desejava. Passou a final, e foi aprovado por uma grande maioria de Deputados o Decreto dos assinados, ou papel moeda, que se levou à contra fixa de mil e duzentos milhões de Francos .... Já nesse tempo se tinham recolhido grossas somas da Contribuição chamada Patriótica, e apesar de todos estes grandes recursos, era tal o sumiço, que levava o dinheiro, que no mês de Maio de 1790, se mandaram tirar da caixa do desconto 28 milhões, procedentes do dinheiro de metal, com que aí tinham entrado vários Accionistas, e Particulares, que tinham trocado pelo papel, que corria em Paris ... Não tardou muito que o Banqueiro, e Financeiro Mor. Necker apresentasse o seu Mapa da Receita, e Despesa dos meses de Abril e Maio .... Foi tão bom, ou tão mau, que o fez decair de todo na opinião pública, e ser alvo de injúrias e sarcasmos, quando até esse tempo o havia sido de uma espécie de culto, e dos aplausos gerais da França degenerada. Foi então que a Assembleia proclamou a todos os Cidadãos, e Cidadans, que acudissem à liberdade periclitante, com todos os seus tratasse de ouro, prata, e diamantes, e outras preciosidades; e tal era o delírio dos [maus] Franceses nesta Época, que as Mesas da Assembleia se atulharam destas riquezas, havendo nesta ocasião cenas mui dignas de Plauto, e Molier, principalmente da parte das Cidadãs, que se lhe dá para Constitucionais, costumam ser Megeras ou Furias. Tudo isto porém foi uma gota de água doce que caiu no mar, e que é como se nunca tivera existido, porque daí a pouco, isto é em Agosto do próprio ano de 1790, foi necessário lançar mão de 40 milhões de bilhetes do Banco, para suprimir as despesas do Tesouro Nacional, enquanto não circulavam os assinados; e mal se tinham passado dois meses, tornou a pagar a Caixa de desconto mais trinta milhões; e não chegando esta quantia, voltaram-se à Caixa do extraordinário, que se criara para amortizamento, ou extinção da dívida pública, e daí tiraram 48 milhões em Outubro do próprio ano de 1790, e 80 milhões em Fevereiro do ano seguinte...... Já corriam os assinados, tinha desaparecido o dinheiro de metal... Pediu-se por bem a todos os Cidadãos, que levassem à casa da moeda todos os seus trastes de ouro, e preta para se trocarem por assinados; - e como este meio não produzira efeito, combinou-se a pena de confisco, e ainda outras mais graves, a quem não satisfizesse in continenti os votos da Assembleia. Renovaram-se os tributos abolidos; e em Março de 1791 procedeu-se ao saque geral de todas as pratas das Igrejas, que se reduziram a moeda corrente, e não lhe escaparam os sinos, que foram apeados, e convertidos em dinheiro. Entretanto o número dos assinados verdadeiros, e falsos já tinha subido muito acima do que se dispusera na sua criação, assim como diariamente subiam em descrédito, pois o rebate de 50% não distou muito da sua primeira introdução na França, e bem depressa chegou a 80 e 90%.

(continuação, III parte)

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