16/02/15

CONTRA-MINA Nº 8: Os Maçons Financeiros (III)

(continuação da II parte)

Gritavam nesse tempo, e gritavam mui alto os Bergasses, e os Maurys contra a mais nociva, e mais escandalosa de todas as delapidações antigas, e modernas; porém um Fidalgo, um Marquês, um Montesquieu aplanou todas as dificuldades, trovejou desde a tribuna contra a orgulhosa aristocracia; (porque os Fidalgos Maçons costumam ser os mais abjectos servidores da Seita, para darem provas de adesão sincera) e fazendo subir os milhões da receita (só vocalmente e nada mais) fez uma risonha pinta do excesso da opulência, a que os trabalhos da Assembleia tinham levado a Nação Francesa; e a Nação Francesa ouviu e queixo caído as mais solenes imposturas, que nunca se ouviram, ainda aos mais resolutos, e mentirosos preopinantes. Quem poderá negar, que é esta numa parte dos castigos, que o Céu costuma infligir às Nações, que o têm ultrajado... A Nação Francesa é o povo mais rico do Universo, dizia o tal Montesquieu do alto da Tribuna, depois de ter afirmado, que as Rendas públicas estavam no melhor estado possível....

Enfim, dos Relatórios impressos de Montesquieu, e de Camus, se pode ver, que em lugar do alcance anual de 56 milhões de Francos, motivo este por que se fizera uma Revolução, deixou a Assembleia Constituinte, para demonstração da sua rara perícia, e habilidade em curar as feridas da Pátria, um alcance anual de 300 milhões de Francos!!! E seria mais feliz neste ponto a segunda Legislatura, ou a Assembleia Legislativa? Muito pior, visto que em menos de onze meses fez subir o alcance a mais 100 milhões: - decretou que o papel moeda chegasse a 3$ [ 3 mil ?] milhões; e mais desaforada, e sacrílega, que a primeira, saqueou à cada descoberta, e fez deduzir a moeda os próprios relicários, e urnas em que jaziam os Santos!!!

Luís XV
Porque fatalidade só avultou no conceito dos Franceses o Livro vermelho de onde constavam as tenças, e gratificações, que Luís XVI pagava talvez a sujeitos indignos, porém que lhe tinham sido pintados como credores destes subsídios, e o Livro vermelho não razava senão de 28 milhões anuais de despesas? Porque fatalidade, torno a dizer, se encareceram, a ponto de se fazer a Monarquia odiosa, os gastos de Luís XIV, que tinha em armas 500$ [500 mil ?] homens, e que não deve ser julgado somente pelas obras de luxo, e ostentação, mas pelas de conhecida utilidade, que imortalizaram o seu Governo? Porque fatalidade se engrossaram as depredações cometidas debaixo do nome de Luís XV, sem que do interior da França se levantasse um milhão de homens armados, que apontando as baionetas ao peito dessa cáfila de Maçons, lhes dissesse: "Tendes cara para que tão agramente censureis os vossos Soberanos, pela sua má administração, deixaria absolvido de toda a culpa o vosso Rei Luís XVI, ainda que ele tomasse anualmente do Erário de 28 milhões, para atirar com eles à corrente do Sena? Tendes olhos para ver, e não tendes visto;
que a Assembleia Legislativa em onze meses deixou a perder de vista essas chamadas prodigalidades de Luís XV?
que os gastos anuais do Governo deste Soberano deitavam a 800 milhões de francos, e que a Convenção não só o igualou, mas por certo o excedeu no curto espaço de um mês; pois mês houve, em que ela despendeu 900 milhões de Francos?"

Cheguei às campanhas Financeiras da Convenção, e não só fica dito o necessário para se conhecer, que ela em género de roubos, assim como nas outras violências do estilo, se há posto mui acima da sua antecessora, e predecessora; mas penetrando o coração de muitos dos meus leitores, parece-me que lhes noto uma certa desaprovação, de que eu desça a tantas miudezas Financeiras. Eu sei a razão porque assim o fiz, e tenho esperança firme, de que todos os meus leitores conhecerão em breve, que ainda fui o mais sucinto, e resumido que era possível...

Fizeram os Jacobinos Franceses toda esta série de latrocínios, para aumentarem, ou principiarem a sua fortuna individual, pois bem sabido é, que a maioria destes farrapões nem tinha beira, nem telha, nem ramo de figueira, nem donde caíssem mortos, ou a que pudessem chamar seu. Fizeram é certo. E não se adiantaram a mais as suas vistas, e observaram em si todas essas avultadas somas? Não, não e é necessário emendar certo erro, desgraçadamente mui vulgar, e que pode ser para o futuro de mui perniciosas consequências. Quando ouço dizer que a França já se empobreceu em tão poucos dias de revolução, pois ainda já de sacola na mão a pedir empréstimos, que dizem os papeis Franceses deitaram a 1500 milhões de Francos; e que os novos árbitros de França já roubaram, e converteram para os seus usos os milhões chegados de Argel.... dá-me vontade de rir, pois em que eles sejam, e tenham sido finíssimos ladrões, concordo eu; mas apélo para um certo relatório impresso do sanguinário, e antes monstro de que homem, ou representante de uma Nação polida, quero dizer St. Just. Foi este quem rasgou inteiramente o véu para se conhecer de uma vez qual fosse a principal, e genuína aplicação de tanto dinheiro de metal, que desapareceu de França.

(a continuar)

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