31/07/15

IMITAÇÃO DE CRISTO - Thomas de Kempis (XCI)

(continuação da XC parte)

A IMITAÇÃO DE CRISTO

Thomas de Kempis

IV Livro
O Augustíssimo Sacramento do Altar


Cap. V
A Excelente Dignidade dos Sacerdotes e Quanto a Sua Vida Deve Ser Pura e Exemplar
[refere-se aos sacerdotes]
 
1. Cristo – Se fosses tão puro como os anjos e tão santo como São João Baptista, não serias ainda digno de receber ou de oferecer este santo mistério. É coisa superior a todo o merecimento humano que o homem consagre, tenha nas mãos o sacramento de Jesus Cristo e como o pão dos anjos.
Grande mistério e grande dignidade a dos sacerdotes, que receberam um poder que não foi concedido aos anjos! Só os sacerdotes, legitimamente ordenados pela Igreja, podem celebrar e consagrar o Meu corpo. O sacerdote é ministro de Deus neste sacramento; serve-se da sua palavra segundo a ordem e a instituição deste Sacrifício. Mas Deus é o seu principal autor. Ele é que obra invisivelmente, como quem pode tudo o que quer, fazendo-se obedecer no mesmo instante em que manda.

2. Neste excelentíssimo sacramento, mais crédito deves dar a Deus do que aos teus próprios sentidos e aos sinais externos que Nele vês. Assim, não chegues jamais a Ele senão com um temor cheio de respeito.
Atende bem; vê a grandeza do mistério que te foi confiado pela imposição das mãos do bispo.
Foste instituído sacerdote e consagrado para celebrar este santo mistério. Trabalha, pois, por oferecer a Deus em tempo conveniente, em fé, em devoção, este sacrifício.
Cuida, também, em levar uma vida irrepreensível. Quando recebestes as Ordens, não diminuístes as tuas obrigações, antes te prendeste, com um vínculo mais apertado, a ser mais exacto na sua observância, obrigando-te a aspirar à maior perfeição da santidade.
O sacerdote deve ser ornado de todas as virtudes, para que em si mostre aos outros o exemplo e o modelo de uma vida santa. A sua vida não deve ser semelhante à vida comum dos homens, mas à dos anjos do Céu, ou à dos homens mais perfeitos que há sobre a Terra.

3. O sacerdote, revestido, dos paramentos litúrgicos, ocupa o lugar de Jesus Cristo para oferecer humildemente a Deus as suas orações, por si e pelo povo.
Tem diante e atrás de si a cruz do Salvador, para que, continuamente, se lembre da Sua paixão.
Leva-a diante de si na casula, para que considere atentamente os passos de Jesus Cristo e se anime a segui-los com fervor. Leva-a nas suas costas, para que sofra, por Deus, com paciência, os males que os homens lhe fizeram.
Leva-a diante de si para que chore os seus próprios pecados; leva-a nas costas para que, pela compaixão, chore as culpas alheias, na inteligência de que é constituído mediador entre Deus e os Homens.
Não deverá desistir de oferecer a Deus as suas orações e o seus sacrifícios, até que alcance a graça e a misericórdia que deseja.
Quando o sacerdote celebra, honra a Deus, dá alegria aos anjos, edifica a Igreja, procura a graça para os vivos e o descanso para os mortos e faz-se participante de todo o género de bens.

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