15/07/15

IMITAÇÃO DE CRISTO - Thomas de Kempis (LXXXVI)

(continuação da LXXXV parte)

A IMITAÇÃO DE CRISTO

Thomas de Kempis

III Livro
A Fonte Das Consolações
 

Cap. LIX
Devemos Pôr Somente em Deus Toda a Nossa Esperança

1. Alma – Senhor, qual é a confiança que posso ter nesta vida?
Ou qual é a minha maior consolação entre todas as coisas que existem debaixo do sol? Porventura não sois Vós, meu Senhor e meu Deus, cuja misericórdia não tem limites? Onde me foi bem sem Vós? Que mal posso eu sentir estando Convosco? Mais quero ser pobre por amor de Vós do que rico sem Vós. Mais quero peregrinar no mundo Convosco do que possuir o Céu sem Vós.
Onde estais, está o Céu; onde não estais, está a morte e o Inferno. Vós sois o objecto dos meus desejos; por isso é necessário que Vos envie os meus gemidos, as minhas orações e os meus clamores.
Em ninguém posso confiar inteiramente, de ninguém posso esperar os imediatos socorros às minhas necessidades, senão de Vós, ó meu Deus.
Sois a minha esperança e a minha confiança; sois em tudo o meu consolador.

2. Todos buscam os seus próprios interesses; Vós, porém, não buscais senão a minha salvação e o meu aproveitamento, fazendo que tudo seja em minha utilidade.
Ainda que muitas vezes me exponhais a tentações e trabalhos, contudo ordenais estes sucessos ao meu bem particular, pois é Vosso costume provar de mil modos os Vossos escolhidos.
Assim, eu não devo amar-Vos e louvar-Vos menos nestas provas do que se me prodigalizásseis as Vossas celestes consolações. 

3. Em Vós, pois, meu Deus, ponho toda a minha esperança e refúgio. No Vosso seio lança todas as minhas tribulações e angústias, pois fora de Vós não vejo senão fraqueza e insegurança.
Não acho amigos que me sirvam, poder que me sustente, sábio que me aconselhe, livro que me console, tesouros que me protejam, retiro que me assegurasse defesa; mas em Vós encontro o amigo que me assiste, o protector que me sustenta, sábio que me ensina, a verdade que me consola, o tesouro que me enriquece, o asilo que me põe em segurança. 

4. Tudo o que parece conduzi-me à posse da felicidade e da paz nada significa sem Vós; nem, com efeito, pode fazer-nos verdadeiramente felizes.
Vós só, ó meu Deus, é que sois o fim supremo de todos os bens, o centro da vida, o profundo abismo da ciência.
A mais completa consolação dos Vosso servos é pôr em Vós toda a sua esperança.
A Vós elevo os meus olhos, me Vós espero, meu Deus e Pai de misericórdia.
Abençoai e santificai a minha alma com a Vossa bênção celeste, para que ele venha a ser a Vossa santa morada, o trono da Vossa eterna glória, e para que não se ache no Vosso tempo coisa que Vos possa ofender.
Olhai para mim segundo a grandeza da Vossa bondade e a amplitude das Vossas misericórdias.
Ouvi a oração deste Vosso pobre servo, que vive desterrado de Vós na região das sombras da morte.
Amparai e conservai a alma do Vosso servo, exposto a todos os perigos desta vida corruptível.
A Vossa graça me acompanhe sempre e ela me conduza, pelo caminho da paz, à pátria da perpétua claridade. Amém.

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