03/09/15

IMITAÇÃO DE CRISTO - Thomas de Kempis (C)

(continuação da XCIX parte)

A IMITAÇÃO DE CRISTO

Thomas de Kempis

IV Livro
O Augustíssimo Sacramento do Altar


Cap. XIV
O Desejo de Receber o Corpo de Jesus Cristo Arrebata As Almas Santas

1. Alma – Senhor, quanto é grande e inefável a doçura que haveria reservado para os que Vos temem! Quando me lembro de algumas almas devotas, que se chegam ao Vosso sacramento com tão fervoroso afecto, envergonho-me de mim mesmo e invade-me a confusão se considero a tibieza fria e frouxa com que me aproximo do Vosso altar e da mesa sagrada da comunhão. Envergonho-me de chegar tão seco e tão pouco movido de afecto. Envergonho-me de não sentir abrasado na presença de Deus e de não experimentar aquela amorosa atracção que experimentam tantas almas santas que, transportadas pelo desejo de comunhão e do amor sensível que arde no seu peito, não podem reprimir as lágrimas; e que, alteradas deste modo, o ardor da sua sede lhes faz abrir a boca do seu coração e do seu corpo, para Vos receber como fonte de águas vivas; pois que de outra sorte não podem aplacar a fome que as oprime, senão recebendo o Vosso corpo sagrado com toda a ânsia e alegria espiritual.
2. Ó fé verdadeiramente fervorosa! Como ela é uma prova sensível de que estais, Jesus, realmente presente neste santo sacramento! Estas almas reconhecem, na verdade, o Senhor, ao partir do pão, como os dois discípulos cujo coração estava todo abrasado quando o Mestre caminhava com eles.
Quão longe está muitas vezes de mim tão terna afeição, tão delicado amor! Sede-me propício, ó bom Jesus, benigno e misericordioso! Compadecei-Vos deste pobre mendigo e permiti que experimente, ao menos alguma vez, na comunhão um raio de fogo do Vosso amor, para que a minha fé se fortaleça, cresça a esperança em Vossa bondade e, fazendo-me conhecer as delícias desta maná celeste, jamais se extinga a minha caridade.
3. A Vossa misericórdia, Senhor, é assaz poderosa para me conceder esta graça, para encher-me do espírito do fervor e visitar-me, cheio de clemência, no dia que entenderdes dever fazê-lo. E ainda que eu não sinta os ardentes transportes dessas almas que são verdadeiramente Vossas, fazei-me, contudo, a graça de ser possuído destes desejos.
Por este motivo Vos peço me façais participadamente do merecimento das almas que tão fervorosamente Vos amam, unindo-me à sua sociedade santa.

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