27/08/16

CADA VENDEDOR VENDE O SEU PEIXE

Agora mesmo um estudante veio admirado mostrar-me um seminário de História Moderna, onde até pelos temas e sequência dá para notar a ideologia, ou facção, que se pretende promover naquela Universidade. Não, não se trata de algo facultativo, a quem está na licenciatura resta escolher este seminário, ou outros semelhantes.

Universidade de Coimbra
Nada mais comum!!! O vendedor faz propaganda ao seu "peixe", e aposta em plataformas de credibilização, nas quais faz passar a mensagem da sua exclusividade e preferência dos seus produtos. É o comum nos nosso tempos. Lembra-me sempre de certa pessoa muito querida minha que tem a tendência a ir pedir informação dos produtos ao próprio vendedor, para decidir-se a comprar ou não; as respostas são invariáveis: ou dizem "sim, estes produtos são os melhores que pode encontrar, e veja com os seus próprios olhos", ou "neste momento ainda não temos, mas asseguro-lhe que iremos ter... é que o atraso deve-se aos malandros dos correios".

É evidente que as universidades estão tomadas pelo espírito que as domina, ou mais ou menos isso. Elas acabam por ser os meios ideológicos de maior força. A Formação dificilmente não é hoje Deformação, ou no melhor dos casos é uma formação "recortada", de forma a favorecer uma ideologia, uma instituição, uma causa etc.. Aquela formação íntegra, insuspeita, era-nos dada nos velhos tempos da Europa desocupada de ideologias e crises, guiada pela Verdade e pelas mãos da Santa Igreja. Oh tempos...!!!

Então, o que é que a Universidade de Coimbra tem para nos mostrar no seu programa de seminário de História Moderna!? ... Em poucas palavras: tem para dar a perspectiva liberal, e deitar uns pingos de "água benta" nos derrotados tradicionalistas, para mais credível parecer, e convencer. Vejam:

- Revolução de 1820 e Liberalismo [... com a definição liberal de "liberalismo", a questão fica-se apenas pelo partidarismo e pelas propostas "inovadoras" para o "avanço" da sociedade]

-A ideia de Revolução em Portugal. Dos círculos clandestinos à luta política [... sempre o mesmo: os criminosos e desordeiros são apresentados como vítimas que se tentam unir em segredo, para não serem perseguidas pelos terríveis carrascos e inquisidores; quase que justificar a maçonaria, ou apresentá-la como algo necessário mesmo se por acaso ele for mencionada só uma vez que seja. Depois trata-se mostrar o processo de "libertação" e dá-lo como belo e meritório... Noutras palavras: ensinar como louvar o terrorismo sem usar as palavras certas].

- A Espanha Revolucionária e a Constituição de Cádiz (1812): ecos da propaganda política liberal em Portugal. [.... constatemos como a perspectiva é sempre a liberal! Não é possível tachar os liberais com os mesmos nomes e pela mesma falta de valores, e má moral, e erro tal como naquele tempo foram bem denunciados segundo fundamentos inabaláveis].

- O “Reino Unido de Portugal Brasil e Algarves” (1815) e a desintegração do Brasil do Império Português. [... o modelo será o mesmo de sempre: desenhar a "opressão" para justificar a "libertação"... ]

- A crise política e social do pós-guerra e a conspiração de Gomes Freire de Andrade (1817) [... em poucas palavras: "Gomes Freire de Andrade foi iniciado na Maçonaria antes de 1785, quer provavelmente em Viena na Loja Zu gekröneten Hoffnung (À Esperança Coroada), (...), quer na Loja Bienfaisence (A Benfaseja], de Lyon, com o nome simbólico de Porset. Em Portugal, pertenceu à Loja Regeneração, da qual foi Venerável Mestre."]

- A Revolução de 1820 e o triénio liberal. Nação constituinte, governo, reformas e opinião pública no quadro da monarquia constitucional. [... "monarquia constitucional" que foi o alvo onde todos os Tradicionalistas batiam, e contra o qual os padres de boa ortodoxia católica pregavam e escreviam... mas que importa falar nisso!?]

- A Constituição de 1822. Direitos e liberdades dos cidadãos e poderes do Estado [... foi uma autêntica cartilha do Diabo. Cá está "direitos e liberdades dos cidadãos"... como se os portugueses nunca tivessem tido obrigações e responsabilidades às quais pertenciam os respectivos direitos! Digam antes que se meteu pelo meio a burrice discreta do "contrato social", dos falsos direitos para induzir o povo à rebelião e todo o poder cair nas mãos da maçonaria... como foi. Esta parte omite-se na Universidade por um só motivo: os programas têm uma estranha "sintonia fina" maligna: vão-se ajustando gradualmente para dar como bem o mal, e o mal como bem, e fazer ignorantes capazes de discernir porque ficam sem matéria para o discernimento!]

- A Europa e o conflito político em Portugal. Da contra-revolução (1823) à guerra civil (1832-1834) [... nem comento!]

- A Carta Constitucional de 1826: linhas de compromisso político do liberalismo doutrinal moderado. [... isso mesmo... MODERADO... mas o que é que foi moderado?! ... E que tal um roubo moderado!? E que tal é uma imoralidade moderada!? E que tal é uma verdade moderada!? E que tal é um SIM ou um NÃO moderados!? E que tal é uma chacina moderada!? Como se a moderação não fosse uma velha desculpa dos criminosos que vencem para fazer-se aceites e para eles mesmos conseguirem dormir no meio de tanto sangue!? Ensinar aos alunos que todo o mal pode ser feito desde que lhe consigam meter a palavra "moderado", é um crime pior que matar, é um escândalo avassalador, é um guilhotinismo que faz zombies (nem os mata nem os quer vivos)!]

E que dirão os alunos ao olhar o programa, e os seus pais?! Dirão assim "que programa interessante, isto promete, graças a Deus em Portugal estes temas estão com maior notoriedade". Acham que algum destes assim pensantes tem conhecimento de estar a formar-se em propagandice liberalona depois da inscrição e participação no seminário!? ... Não, certamente que não... E não tardará depois de tempos dizerem que, afinal, o problema dos liberais foi um exagero aqui e ali, uma questão de falta de moderação, mas teve que ser, e que foi uma fase de passagem que está ultrapassada e que nos proporciona agora dias de triunfo da liberdade e dos direitos e palhaçadas assim!

As universidades, são hoje uma das maiores plataformas de "vender o meu peixe"! De tal forma, que ninguém dá conta, e gradualmente vai acompanhando e integrando esta crescente apostasia geral, com muito gosto, e só se irritando com "exageros"!

Assim vai o mundo.

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