22/11/16

A CUSTO DO GONÇALVES - ARRUMEMOS A CASA (I)

A pessoa que em caixa de comentários assina por S. Gonçalves deu-me ali ocasião para explanar alguns assuntos oportunos (dos quais as respostas, mais que pelo interesse histórico, valem pelo conteúdo doutrinal, de Tradição, justiça, clareza, objectividade, memória de certas verdades e valores hoje muito esquecidos.

Pego agora naqueles comentários feitos por S. Gonçalves (no blog VERITATIS) e coloco-os em perguntas, e dou as repostas.


1 – Salazar manteve a república?

R: A prova de que Salazar não manteve a república está na descaracterização desta, ao ponto de uns lhe darem rótulo de “ditadura”, ao ponto do próprio Salazar lhe chamar apenas “Estado Novo”, e não “nova república” (sem qualquer escrúpulo ou hesitação, elimine-se dos manuais escolares a seriação de 1ª, 2ª e 3ª república). Essa desfiguração, desmantelamento, como sabemos resulta de actos propositados, não acidentais. Ao contrário de Franco, Salazar (mais instruído nas coisas de Deus, da Pátria e da nossa Monarquia, conhecedor dos círculos monárquicos e integralistas) sabia da impossibilidade da devolução da nossa Monarquia (a qual fica em 1834, e não em 1910 - além do problema da ilegitimidade da linha de D. Pedro IV, e da imposição artificiosa de um regime “monárquico” liberal). Ao contrário do que vimos com os republicanos, no Estado Novo não era o regime, ou ideologia própria aqueles que interessavam alcançar, mas sim o uso das ferramentas disponíveis para proteger Portugal do assalto internacional (autodefesa), e possibilitar a vida dos portugueses, preservar os territórios, restaurar a identidade ferida, e esperar melhores tempos nos quais fosse possível devolver Portugal à normalidade: a sua monarquia própria (anterior a 1834), enfim, a Cristandade.


2 – Salazar infundiu os valores cristãos à república?

R: Livrando esta pergunta das acostumadas amarras verbais: Salazar infundiu os valores cristãos no Estado Novo? A intenção do Golpe Militar de 1926 não foi implantar um regime determinado, mas sim de expulsar os republicanos que, ilegitimamente, desde 1910 oprimiam Portugal (por exactidão devemos dizer que nunca houve uma "república portuguesa", mas sim uma "república em Portugal"). Depois do golpe militar tentou-se acordar alguma forma de sustentar e desembaraçar Portugal (não de sustentar e desembaraçar a república...) com o máximo de celeridade possível. O Estado Novo também se foi-fazendo e aproximando da nossa Monarquia e na modalidade de “rei ausente” (na falta de melhor designação)! Como provinciano de recta intenção Salazar vai seguindo as sendas da nossa civilização. Em demasia, os inimigos internos de Portugal atribuíram a este homem todos os acontecimentos (com intenção oposta o mesmo costumam fazer os exagerados da banda oposta); na verdade, Salazar não inventou nada que Portugal não tivesse guardado. O Portugal profundo, na ausência ou incapacitação dos seus maiores (a Monarquia verdadeira, etc.), depois da desocupação do inimigo republicano, sobe à governação de Portugal, aplicando ali a sabedoria prática, prudência, modos, costumes, coisas já perdidas em vários lugares onde o inimigo tinha feito obra. É necessário aclarar o "Portugal profundo" não é tanto o "populuxo" mais típico das cidades, mas sim aquele mais sóbrio, de pequenos proprietários (e outros), mais característicos do interior. Os valores cristãos, ou ainda melhor, o bom costume, a piedade, sobriedade, a prática da virtude, o sacrifício proveitoso, a honestidade, a recta intenção, o Culto a Deus, aos Anjos e Santos, a devoção Mariana, o pensamento cristão sintetizado, da opressão que o inimigo lhes tinha feito desde 1834 (oficiosamente), transpareceram finalmente no poder, em Salazar (e outros). Salazar portou-se como um bom exemplar do Povo português, em cargo e em tempo extraordinários.
(a continuar)

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