20/06/14

HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DA REAL BASÍLICA E MOSTEIRO DO SANTÍSSIMO CORAÇÃO DE JESUS DA CIDADE DE LISBOA (IX)

(continuação da VIII parte)

Explicação Histórico-Litúrgica da Bênção dos Sinos


A Bênção dos sinos (como adverte o Catecismo de Montepellier) não é mais antiga na Igreja, porque também os sinos o não são; por quanto uns julgam que eles tiveram o seu princípio no séc. VII, outros no X; o certo, é que a Igreja instituiu muitas cerimónias para esta bênção, e são elas muito edificantes, como se podem ver no Pontifical Romano, e foram as que vimos executadas nesta solene acção, que acabamos de descrever.

200 anos depois, o sino de Sto. António, pronto para ir ao restauro
De todas estas cerimónias se pode fazer uma certa aplicação alegórica aos pastores da Igreja; por quanto os sinos estão postos num lugar alto; e assim mesmo estão os pastores para o exemplo: Os fiéis são advertidos pelos sinos, das suas obrigações, e os juntam na igreja, e esta é também a obrigação dos pastores.

Vimos que quando estes sinos se sagraram foram lavados por dentro e por fora; e isto depois do canto dos Salmos, pelos quais se rogou a Deus nos protegesse; o que faz lembrar que antes de ser algum elevado à Dignidade de pastor da Igreja, deve ser totalmente purificado de seus pecados, e manchas.

Foram os sinos ungidos com óleo sagrado sete vezes, o que pode figurar os sete dons do Espírito Santo: dons que os pastores devem ter recebido para os poderem comunicar aos outros; e assim se pode dizer das outras quatro unções que se fizeram na parte inferior dos sinos; o que também significa o quanto os pastores devem estar penetrados do Espírito Divino: Depois se queimaram perfumes debaixo dos sinos, o que significa que os pastores devem trazer em seu coração as necessidades, os votos e orações dos fiéis, para as apresentarem a Deus Omnipotente.


No fim se cantou o Evangelho, no qual ouvimos que Maria ouvia a Palavra Divina aos pés de Cristo; onde podemos entender, que uma das principais funções dos pastores é a de juntar o Povo na Igreja, para ali escutar a Divina palavra.

Vulgarmente a esta cerimónia da benção dos sinos, se dá o nome de Baptismo, não por que o seja, mas pela muita semelhança que há entre os ritos de Baptismo, e os da benção dos sinos; como V. g. a acção de lavar, as unções, impozição do nome e outras.


Antigamente só os sacerdotes tocavam os sinos; e por isso em muitas igrejas estão os mesmos junto do coro; presentemente porém se reputa esta obrigação dos Ostiários, ainda que comummente os leigos são os que fazem as duas vezes: finalmente os sinos, que são postos nas igrejas para fins santos, não devem servir a usos profanos; neles pois se não devem tocar árias profanas, e nunca se devem os sinos tocar sem regra, e sem discrição na forma que ordenar o Bispo respectivo.

(continuação, X parte)

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